Banco Central aumentou os juros do país para 12,75% ao ano, mais de 10 pontos percentuais desde janeiro de 2021.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizou nesta quarta-feira (4) o 10º aumento seguido da taxa básica de juros da economia, a Selic.
De janeiro de 2021 a maio de 2022, o percentual subiu de 2% para 12,75% ao ano. E a tendência é de que essa alta continue. Nesta semana, o boletim Focus projeta a Selic chegando a 13,25% ao ano no final de 2022.
Entenda abaixo as principais consequências do movimento de alta dos juros no país.
Combate à inflação
O objetivo máximo da alta dos juros é tentar conter a escalada da inflação no país.
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) acumula alta de 12,03% nos últimos 12 meses. Além disso, o índice de difusão da inflação, que mede a quantidade de produtos e serviços que subiram no mês em relação ao total de itens pesquisados pelo IBGE, saltou para 78,7% em abril — um recorde.
A inflação brasileira sofreu com repetidos choques desde o primeiro impacto da pandemia do coronavírus no país. Entre os mais sentidos pelos brasileiros, estão os combustíveis, energia e alimentos.
Em geral, juros mais altos desestimulam a economia pelo lado da demanda e suavizam a inflação. Como o crédito fica mais caro, a pessoa física tende a reduzir gastos. Já as empresas contraem os investimentos e geram menos empregos, o que também tira dinheiro de circulação.
Queda do dólar
Aumentar os juros também tem o poder de atrair investidores para o país. Economias emergentes, como o Brasil, ficam mais interessantes conforme cresce a relação risco-retorno.
Investidores buscam sempre o maior lucro combinados à maior segurança. Assim, juros mais altos ajudam a trazer dinheiro estrangeiro para dentro do país e valorizam o real.
A queda do dólar retira fôlego da inflação em várias frentes. No preço dos alimentos, ela desestimula a exportação e aumenta o estoque do país. Nos combustíveis, reduz o peso do valor do petróleo no mercado internacional. E assim por diante.
Para investidores domésticos há também um efeito. A maior remuneração dos juros diminui o dinheiro em circulação porque torna mais vantajosa a remuneração de aplicações financeiras.
Aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, passam a render mais. Em março, o Tesouro Direto, programa de oferta de títulos públicos pela internet para pessoas físicas, registrou a maior a maior venda em quase três anos.
Redução do PIB
Com crédito mais caro e aumento de custos com a inflação, as empresas tendem a investir menos, impactando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda.
Pelo lado da pessoa física, o aumento das taxas bancárias são repassados aos clientes. No ano passado, a elevação do juro bancário foi o maior em seis anos. Em fevereiro, a taxa média cobrada pelos bancos foi a maior em dois anos e meio.
A influência negativa no consumo da população e nos investimentos produtivos, faz analistas projetaram uma expansão de 0,7% para o PIB deste ano, contra um crescimento de 4,6% em 2021.
Dívida pública
O aumento da Selic gera uma despesa adicional com juros da dívida pública. No ano passado, com a elevação da Selic e da inflação, os gastos com juros foram os maiores em seis anos. E a expectativa de economistas é de que essa despesa deve bater recorde em 2022.
As despesas com juros impactam a dívida pública, indicador olhado por investidores internacionais para aumento da confiança no país.
Esse receio do capital internacional pressiona o dólar para cima, enquanto o mercado aguarda uma trajetória de controle da dívida. E a saída de dólares pressiona a inflação. (G1)